quarta-feira, 23 de março de 2011

Reverendos, sejamos pastores!


Com muitas saudades me lembro do privilégio que tinha de ajudar na preparação de
pastores do Seminário Presbiteriano no Recife, PE.
Atualmemente com 80 anos estou me preparando para última viagem da vida. Desta vez não vou fazer as malas para levá-las, porque tudo ficará para trás, mas assim mesmo tenho de arrumar as coisas. Ajeitando a papelada, encontrei um artigo meu que o Brasil Presbiteriano publicou há mais de vinte anos ( 12/1986). Foi um apelo aos meus colegas para que sejamos pastores de verdade. Reli e pensei: "Quem sabe possa servir mais uma vez." Não achando-o num arquivo eletrônico, vou copiá-lo e submetê-lo de novo como um apelo de despedida aos meus colegas, para que sejamos fiéis a nossa chamada (Mt 24.46). Pois, como diz o cântico, "Não é fácil a nossa vocação,/ mas eterno nosso galardão./ Almas preciosas para Jesus ganhar,/ tal é nosso alvo, vamos trabalhar!" Que Deus lhe abençoe no seu lar e ministério! Com forte abraço fraterno despede-se seu irmão na obra do senhor, Francisco Leonardo schalkwijk.

O Artigo dizia o seguinte:
Tenho o privilégio de servir ao senhor no pastorado há mais de trinta anos; atualmente sirvo-o como reitor do Seminário Presbiteriano do Norte no Recife. Frequentemente recebo telefonemas de vários estados do Brasil perguntando se há algum seminarista que aceitaria um convite para o pastorado desta ou daquela região. Poucas vezes podemos ajudar, porque , geralmente, os nossos estudandtes têm compromisso moral com seus Presbitérios. É pena não podermos atendr esses pedidos, mas "Deus proverá".
Fiquei, porém, profundamente preocupado porque num dos telefonemas alguém me pediu: “Mande qualquer pessoa, mas, pelo menos, alguém que ame a igreja!” Outro informante queria um substituto para o destruidor da igreja. E um terceiro indagou: “Vocês já estão formando homens melhores?” Oh, queridos irmãos, como doeu meu coração! Senhor, tem misericórdia da nossa amada igreja! Senhor, tem misericórdia de nós, pastores!
Graças a Deus, há muitos e muitos pastores fieis que labutam com desprendimento na obra do Senhor, sofrendo, aguentando e louvando até na maior escuridão. Estes devem lembrar-se de Isaías 58.11 e 12, porque receberão a coroa imarcescível ( I Pedro 5.4). Mas quantos há entre nós, que só tem o nome de “reverendo” e não são “pastores”, a não ser de si mesmos (Ezequiel 34.4,10). Frequentemente as nossas igrejas reclamam contra esses obreiros; homens de Deus se dirigem aos Presbitérios para se tomem providências, mas muitas vezes não se faz nada, porque o Presbitério age como “panelinha” , encobrindo os pecados e a negligência dos ditos obreiros, por amizade”.
Por outro lado, os próprios Conselhos são um tanto culpados, porque nem sempre levam a sério a eleição de um futuro Pastor, não se informando suficientemente sobre o candidato, praticamente desconhecido (mas, quando o fazem, será que recebem informações sempre corretas?).
Irmãos precisamos urgentemente de uma purificação profunda do nosso corpo pastoral, começando por mim. Curvemo-nos, queridos colegas, no pó da terra ao pé da cruz, diante do supremo Pastor das ovelhas, confessando as nossas falhas, clamando, para que ele nos transforme em pastores autênticos. Talvez você não tenha o privilégio de servir com tempo integral, porque a sua igreja não pode mantê-lo no momento. Mas sejamos pelo menos pastores integrais!
Lembremo-nos que é tempo de começar o juízo pela casa de Deus; e quem será julgado, em primeiro lugar, nessa casa, seremos nós, os pastores! ( I Pedro 4.17; 5.1). O Senhor disse: “Mostrarei a minha santidade naqueles que se chegam a mim”. E em consequência disso, 40% dos sacerdotes foram mortos, e isto, pouco tempo depois de terem sido ordenados ( Levítico 10.3).
Está na hora de nos purificarmos, queridos conservos. Carecemos urgentemente de uma renovação da Aliança ( II Crônicas 29.5). Mas, todos nós sabemos,a través da História da Igreja, que um verdadeiro avivamento vem depois de um quebrantamento autêntico dos líderes.
A nossa amda igreja precisa muito do óleo do Espirito Santo, isto é, nós, pastores, em primeiro lugar. Lembremo-nos, entretanto, que o óleo vai onde o sangue já foi (Levítico 8.23,30).
Tocou o telefone: “Reverendo...por favor, mande qualquer pessoa... mas alguém ... que pelo menos ame a igreja do Senhor...”

Irmãos reverendos, sejamos pastores!Por amor a Deus! Por amor a igreja de Deus!


Tua Vontade/ faze, ó Senhor!
Eu sou feitura/ que fizeste pastor.
Molda e refaze/ todo meu ser,
Segundo as normas/ do teu querer. ( cf Novo Cântico 218)

O Rev Francisco Leonardo Schalkwijk é um missionário estrangeiro muito estimado na IPB. Chegou ao Brasil aos 31 anos, em 1959, como o primeiro missionário enviado pelas Igrejas Reformadas da holanda (GKN), a mesma de Abraham Kuiper e Herman Banvick.
Trabalhou incialmente com a Igreja Evangélica Reformada, em São Paulo e no Paraná, residindo em Cascavél. Seguiu-se um período de valiosos serviços ao Seminário do Norte, até 1986, quando passou a colaborar com o Centro Evangélico de Missões, em Viçosa MG. Encerrou a carreira missionária em 1995, tornando-se professor visitante em muitas instituições teólogicas ao redor do mundo. Escreveu o clássico Igreja e Estado no Brasil Holandês, 1630-1654. É sogro dos Revs Elias Medeiros e Augustus Nicodemus Lopes.

terça-feira, 8 de março de 2011

AS RIQUEZAS INFINITAS DE CRISTO



Sem o evangelho

tudo é inútil e vão;

sem o evangelho

não somos cristãos;

sem o evangelho

toda riqueza é pobreza;
toda sabedoria, loucura diante de Deus;
toda força, fraqueza;
e toda a justiça humana jaz sob a condenação de Deus.

Mas pelo conhecimento do evangelho somos feitos

filhos de Deus,
irmãos de Jesus Cristo,
compatriotas dos santos,
cidadãos do Reino do Céu,
herdeiros de Deus com Jesus Cristo, por meio de quem

os pobres são enriquecidos;
os fracos, fortalecidos;
os néscios, feitos sábios;
os pecadores, justificados;
os solitários, confortados;
os duvidosos, assegurados;
e os escravos, libertados.

O evangelho é o poder de Deus para a salvação de todo o que crê. Assim, tudo o que poderíamos pensar ou desejar deve ser achado somente neste mesmo Jesus Cristo.

Pois ele foi

vendido para nos comprar de volta;
preso para nos libertar;
condenado para nos absolver.

Ele foi

feito maldição para nossa bênção;
ofertado pelo pecado para nossa justificação;
desfigurado para nos tornar belos;

ele morreu pela nossa vida para que, por seu intermédio,

o furor converta-se em mansidão;
a ira seja apaziguada;
as trevas tornem-se luz;
o temor, reafirmação;
o desprezo seja desprezado;
o débito, cancelado;
o labor, aliviado;
a tristeza convertida em júbilo;
a desdita, em felicidade;
as emboscadas sejam reveladas;
os ataques, atacados;
a violência, rechaçada;
o combate, combatido;
a guerra, guerreada;
a vingança, vingada;
o tormento, atormentado;
o abismo, tragado pelo abismo;
o inferno, trespassado;
a morte, assassinada;
a mortalidade convertida em imortalidade.

Resumindo,

a misericórdia tragou toda a miséria;
e a bondade, toda a infelicidade.

Porque todas essas coisas, que deveriam ser as armas do mal na batalha contra nós, e o aguilhão da morte a nos trespassar, transformam-se em provações que podemos converter em nosso benefício.

Se podemos exultar com o apóstolo, dizendo, Ó inferno, onde está a tua vitória? Ó morte, onde está o teu aguilhão? É porque, pelo Espírito de Cristo prometido aos eleitos, já não somos nós quem vive, mas é Cristo quem vive em nós; e, pelo mesmo Espírito, estamos assentados entre aqueles que estão no céu, de modo que, para nós, o mundo já não conta, mesmo que ainda coexistamos nele; mas em tudo estamos contentados, independentemente de país, lugar, condição, vestimentas, alimento e todas essas coisas.

E, portanto,

somos consolados na tribulação,
nos alegramos no infortúnio,
glorificamos quando vituperados,
temos abundância na pobreza,
somos aquecidos na nudez,
pacientes entre os maus,
vivos na morte.

Eis, em síntese, o que deveríamos buscar em toda a Escritura: conhecer verdadeiramente Jesus Cristo e as riquezas infinitas compreendidas nele, as quais nos são ofertadas nele por Deus, o Pai.




Autor: João Calvino

Ouça nossa rádio